Perceber a realidade é, sobretudo, essencial para a garantia da verdade. É sob a realidade que se concentra o limite entre o certo e o errado e até onde o indivíduo pode ou não se entregar para suas influências opinativas e sociais. Exercer o papel fundamental de declarar a verdade como única e majoritária forma de espalhar o que é certo torna-se um instrumento que se sobrepõem aos fenômenos que acontecem no Brasil.

Escrever a verdade exige a participação de instrumentos que possam identificá-la, exibi-la e compartilhar para o mundo. A verdade é escrita por homens e mulheres que buscam, através do conhecimento e da liberdade, todas as peças que a compõem. Uma verdade nunca pode ser um conjunto de suposições ou mérito de pensamento e também não deve ser escrita para defender os próprios interesses.

A exaltação do Golpe Militar de 1964 é uma tentativa de sobrescrever a verdade, mesmo com tantos instrumentos que a revelaram. Pior mesmo é teclar em algo que nunca existiu no país; o tal do “comunismo”. Para Aristóteles e a teoria dos meios, certo é evitar os extremos. Particularmente, eu (o autor) nunca vi ou tive a percepção de uma conjuntura pró-comunismo no Brasil. Mas pensando em Aristóteles, eu vejo, de forma crítica e baseada em tantos projetos sociais e também no fato de sermos umas das 10 maiores economias do mundo, uma tentativa de balancear o Estado entre o social e o econômico, o que foge dos extremos e se encaixa nos meios.

Essa tratativa de que “o comunismo está chegando” ou o “comunismo está nos ameaçando” sempre foi razão para a destituição de governos democráticos. Quem não se lembra da Era Vargas? O então presidente aplicou um golpe em “si mesmo”, alegando uma ameaça comunista para instaurar um governo ditatorial, não só para se fixar no poder, mas também para controlar a população e seus interesses políticos. E o pior é que essa tal ameaça nunca existiu, tão pouco esteve perto de existir e todos sabemos que o Brasil já é capitalista demais para permitir o real ideal do comunismo.

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Basta olhar para os lados ou para as mídias que o reproduzem. Esse país é rico demais mas também é pobre demais. Tem muita riqueza em um lado e muita pobreza em outro, não há sequer um balanceamento entre o limite de ser digno de viver bem e ser digno de ter o que quer. Essa perspectiva foge do conceito do mínimo ou igual, onde o comunismo se faz presente.

É fácil perceber que a real intenção do governo pode ser restaurar o ideal totalitário e pior, atender aos interesses de generais militares que exaltam o terror e afrontam o Estado Democrático de Direito. E sabe por que esse texto não diz nada sobre o que estamos alertando? Na ditadura os jornais tinham que esconder alertas e mensagens subliminares em títulos como esse, para que não chamasse a atenção da pasta responsável por limitar a imprensa. Sentir a sensação de se “subliminar” é algo terrível, principalmente se imaginarmos que estamos apenas na terceira década da nossa jovem Constituição.