Anonymous

De volta aos holofotes das crises sociais e humanitárias, o Anonymous entra novamente na boca da população, sobretudo no Brasil, após vazamentos do presidente Jair Bolsonaro.

A última vez que o nome “Anonymous” foi tão falado no Brasil, foi nos protestos que começaram em 2013, no então governo da ex-presidenta Dilma Rousseff, protestos popularizados pelo aumento constante de tarifas de ônibus municipais e que tiveram apoio do grupo.

O grupo voltou a ganhar as manchetes mundiais após o assassinato de George Floyd, homem negro, por um policial branco, que desencadeou uma onda de protestos no Estados Unidos.

Mas quem são os Anonymous? Para que servem? O que eles defendem?

Anonymous: Resumo da história em linha do tempo

2006

Hackers se unem para formar uma legião

Com crescentes casos de pedofilia na internet, hackers se unem para combater pedófilos virtuais. É a primeira suposição da escalada do grupo no mundo.

Ante aos anônimos, hackers eram popularmente conhecidos por roubar informações privadas e realizar saques virtuais ou destruição de sites privados e governamentais, em troca de dados ou vingança.

A primeira ação notória do grupo, que resultou na prisão de um pedófilo

Chris Forcand foi preso em 2007. Denunciado por pedofilia, jornais locais buscaram informações sobre a sua prisão. Na época, um relatório da “Global Television Network” descobriu que a prisão de Forcand se deu após a polícia receber informações e relatórios de um grupo hacker.

Segundo esse relatório, esse grupo é intitulado por “Anonymous”. Essas informações diziam que crianças estavam recebendo “propostas sexuais” virtualmente.

Dezembro de 2007
Janeiro de 2008

“Anonymous” declara guerra contra a igreja da Cientologia

Não mais classificados como um grupo, os “Anonymous” já se mostram independentes. Do Canadá, agora em todo o planeta.

Os Anonymous desencadearam uma onda de protestos contra a igreja da Cientologia. A guerra envolveu o Youtube, que foi a faísca para o confronto.

Tudo aconteceu por que a igreja teve um vídeo com o ator Tom Cruise vazado na internet. Após o vazamento, a igreja decidiu processar o Youtube e reivindicar os direitos autorais do vídeo.

Os Anonymous reagiram, alegando que a igreja estava afrontando o direito de liberdade de expressão, bem como realizando uma crítica à igreja por exploração financeira dos membros.

Anonymous: Quem são, para que servem e o que defendem anonymous

A identidade do “anonimato”: Anonymous ganham uma identidade, que repercute em protestos contra a igreja da Cientologia

Os protestos contra a igreja da Cientologia aconteceram nas cidades de Boston, Dallas, Chicago, Los Angeles, Londres, Paris, Vancouver, Toronto, Berlim e Dublin, e em todos eles, se utilizava a famosa máscara em referência à Guy Fawkes, um famoso conspirador inglês.

Ali nascia a identidade social do Anonymous; de hacker ativismo para as ruas, demonstrando força e emponderamento.

Janeiro de 2008
Março de 2008

Ataques contra o fórum da Fundação de Epilepsia da América

Após relatos de que a Fundação de Epilepsia da América estava utilizando práticas nocivas para tratar casos de epilepsia, o fórum se tornou alvo de hackers.

A ação resultou na derrubada do fórum. Acusações ligaram o Anonymous aos ataques, mas o grupo nunca deixou isso claro publicamente.

Anonymous: Quem são, para que servem e o que defendem 1024px Tehran protest 1

Anonymous ganha tom político ao realizar ataques contra resultados das eleições no Irã

Uma das primeiras ações da legião no campo político, foi na eleição de Mahmoud Ahmadinejad, no Irã, em Junho de 2009.

A vitória dele desencadeou uma série de manifestações e o levante do Movimento Verde Iraniano.

Junho de 2009
Dezembro de 2010

O apoio ao WikiLeaks

Em 2010, o governo norte-americano sofreu com vazamentos provocados pelo site WikiLeaks. Diversos documentos e informações sigilosas foram divulgadas na internet.

O site ganhou apoio do Anonymous, reforçando mais ainda o seu tom político e social, principalmente na busca por transparência.

#OPTunísia

Ainda sobre os documentos vazados pelo WikiLeaks, o Anonymous reagiu à censura do governo da Tunísia, ao tentar ocultar os documentos e informações vazadas pelo site.

A legião de Anonymous iniciou a operação Tunísia, derrubando sites do governo, o que levou a um aumento significativo no ativismo por parte dos tunisianos contra o seu governo

2011
2011

A renúncia de Hosni Mubarak 

Um dos mais notórios enfrentamentos do grupo a governos, surgiu antes da renúncia de Hosni Mubarak, até então presidente do Egito.

O Anonymous derrubou o site do governo até que o ex-presidente renuncia-se. Tudo isso aconteceu em meio à Revolução Egípcia de 2011. Sites do Partido Nacional Democrático também foram derrubados pelo grupo.

Anonymous: Quem são, para que servem e o que defendem dark net 09151218441268

#OPDarkNet

Uma das mais importantes operações do Anonymous, a #OPDarkNet também gerou grande repercussão ao grupo.

A Operação DarkNet foi uma campanha contra a pedofilia infantil protegida por redes anônimas e profundas, como a DeepWeb.

2011
2012

Operação Megaupload e Protesto anti-SOPA

O Megaupload foi um dos sites derrubados pelo FBI em 2012, em uma operação que mirava sites como o Megaupload, que armazenavam arquivos, principalmente com direitos autorais, publicados por usuários.

Para um porta-voz do Anonymous, a queda do Megaupload foi “o maior ataque da história da Internet”. Após derrubar o Megaupload, o site do FBI ficou fora do ar com ataques do Anonymous.

Além disso, ocorreram também na mesma época, as discussões sobre a SOPA (Lei de Combate à Pirataria Online). A Lei não foi aprovada, mas antes de ser votada, ganhou repercussão ao ser negligenciada como censura.

Para o Anonymous, “mesmo sem a SOPA ter passado, o governo federal sempre teve um tremendo poder para fazer algumas das coisas que eles queriam fazer. Então, se isso é o que pode ocorrer sem a SOPA ter passado, imagine o que pode ocorrer depois que a SOPA passar”.

Anonymous: Quem são, para que servem e o que defendem 1024px Protesto no Congresso Nacional do Brasil 17 de junho de 2013

Revolta dos 20 centavos

Imagem: Valter Campanato/ABr – Agência Brasil

Em 2013, revoltas locais começaram a acontecer após o aumento no preço das tarifas de ônibus. O nome “Revolta dos 20 centavos”, vem após o aumento na tarifa dos ônibus urbanos da cidade de São Paulo.

Estopim para os protestos, esses aumentos acontecerem em diversas cidades do país e causaram comoção popular, o que desencadeou em diversos grupos sociais que fizeram os levantes e protestos que levaram milhões de brasileiros às ruas.

Com tudo isso, o Anonymous ganhou destaque no cenário nacional, ao apoiar os protestos.

2013
Copa do Mundo FIFA 2014

#OpHackingCup e #OpWorldCup

As últimas operações dos Anonymous que tiveram registro no Brasil, foram as operações #OpHackingCup e #OpWorldCup na Copa do Mundo FIFA 2014.

Com a indignação da população em relação aos gastos com o evento, o Anonymous se mostrou contrário ao governo e iniciou operações que ameaçaram patrocinadores e o evento em si.

Após 6 anos sem aparições, Anonymous retorna com os protestos contra a morte de George Floyd, assassinado por um policial branco nos EUA e contra a escalada fascista nas Américas

O assassinado de George Floyd, cidadão norte-americano morto pela polícia de forma brutal, desencadeou uma onda de protestos furiosos que pedem por justiça.

O Anonymous prometeu divulgar informações sobre o governo norte-americano, bem como fez isso, inclusive no Brasil, criticando a escalada autoritária do presidente Jair Bolsonaro.

Aqui, os Anonymous divulgaram informações que vão de dados pessoais do presidente e da família, até mesmo cartão de crédito de crédito pessoal do presidente da república.

2020

Quem são os Anonymous?

Os Anonymous não são um grupo definido, como muitas pessoas podem imaginar. É exatamente por isso que não há prisão de hackers titulados como “Anonymous”, ou pelo menos não há a recorrência disso.

Um dos motivos é, sobretudo, o anonimato. Além do anonimato, os Anonymous são subdivididos em vários grupos e não há processo seletivo ou algo do tipo.

Na verdade, os Anonymous se intitulam como um “cérebro”, uma ideia, algo que todos podem se intitular, desde que sejam Anonymous que lutem por igualdade social, contra injustiças e a favor da liberdade de expressão.

Não existem redes sociais ou pessoas “oficiais” que correspondem ao grupo. Isso é facilmente explicado pelo fato de que o Anonymous não é um grupo isolado, como falamos acima, mas sim uma legião presente em todo o planeta, com sub-divisões, divisões essas que se unem nas operações proclamadas pelo grupo.

Para que servem os Anonymous?

Seguindo o que defendo o grupo, o Anonymous não tem uma “servidão” definida. Fazendo uma análise nos atos do grupo, eles segmentam ações em prol do ativismo, principalmente contra crimes de pedofilia na internet.

No entanto, como exposto no resumo da história da legião, o grupo vem mostrando um tom mais político, participando de ataques contra governos autoritários e lutando contra a ascensão do fascismo, sobretudo nas Américas, como mostra as ações após 6 anos de inatividade.

O que defendem os Anonymous?

Fazendo uma análise em cada uma das principais ações do grupo, é possível perceber que os Anonymous sempre estão ao lado de quem precisa de força para lutar.

Foi assim que eles estiveram ao lado da polícia no caso de Chris Forcand. Dessa mesma forma, eles estiveram contra a polícia no caso Megaupload.

E ainda sim, após estarem contra as ações do governo do Estados Unidos, os Anonymous voltam novamente ao lado do governo na luta contra o Estado Islâmico.

Sendo assim, é possível perceber que o grupo não tem um lado, mas sim uma ideia e um pretexto.