iPhone

No domingo, o site ‘The Intercept‘ divulgou centenas de mensagens trocadas entre o atual Ministro da Justiça, Sérgio Moro – na época juiz federal – com procuradores responsáveis pela operação Lava Jato. O teor das informações ainda não foi confirmado, mas, segundo o jornalista Glenn Greenwald, os vazamentos incluem áudios e imagens que comprovam o teor dos textos e que serão divulgados brevemente, após análise do conteúdo.

Todo esse conteúdo foi, segundo o jornalista, disponibilizado por hackers que invadiram celulares de procuradores e do até então juiz federal responsável pelas ações da Lava Jato em Curitiba. Nem o Ministério Público Federal, nem os envolvidos negaram a veracidade das informações e disseram, por meio de nota e pronunciamento, que foram vítimas de ataques criminosos.

Embora grande parte desse conteúdo tenha sido extraído do Telegram, o aplicativo informou nesta terça-feira (11), que não foram identificadas evidências que demonstram que ocorreram ataques do tipo por meio de seu aplicativo. Nesta perspectiva, os holofotes se ascendem para o iOS, sistema utilizado por grande parte dos citados nos vazamentos.

Como o iPhone se torna protagonista nos casos de vazamento da Lava Jato

Conhecido por ser um dos sistemas mobile mais seguros do mundo, o iOS é o queridinho por autoridades, celebridades e por quem aposta em segurança pessoal. Não é o caso de algumas autoridades executivas dos EUA, que optam por utilizar um Black Berry, considerado mais seguro.

Entretanto, no Brasil, assim como alguns dos responsáveis por várias fases da Lava Jato, muitas pessoas escolhem o iPhone exatamente pela segurança, auxiliada à aplicativos com o Telegram.

Embora isso seja um fator de segurança pensado por essas autoridades, com a negação do Telegram, os hackers podem ter supostamente invadido o iOS dos envolvidos no escândalo e capturado informações remotamente, sem muitas dificuldades, uma vez que há a suspeita de procuradores, juízes, promotores e até jornalistas que foram vítimas dos ataques ocorridos silenciosamente, que, segundo o jornalista do The Intercept, aconteceram durante os últimos dois anos.

FBI x iPhone

Ao falar da segurança dos iPhones, vale lembrar de um apelo do FBI – a polícia federal norte-americana – para que a Apple desbloqueasse um iPhone de um suspeito de terrorismo em São Bernardinho.

O caso teve uma repercussão gigantesca na época, uma vez que a Apple se recusou a atender o apelo da polícia e decidiu não ajudar no desbloqueio do aparelho por defender a segurança e privacidade de seus usuários.

Com isso, o FBI levou a Apple à justiça dos EUA. Nesse meio tempo, até mesmo John McAfee se ofereceu para ajudar a hackear o telefone para extrair as informações que a polícia precisava.

No entanto, não demorou muito para que o caso tivesse uma solução. A própria polícia conseguiu hackear o telefone e abriu portas para o acesso a mais telefones da Apple, evitando, desta forma, novas solicitações.

Esse caso mostra que, embora a segurança do iPhone seja quase absoluta, o iOS ainda está fragilizado diante de vulnerabilidades. Entretanto, analisando o caso do Brasil, se confirmado, a Apple é pega de surpresa por um grande ataque hacker remoto aos iPhones de autoridades, o que coloca em cheque a confiança no sistema como um dos mais seguros do mundo.

Jornalista do ‘The Intercept’ trabalhou com Snowden em caso da NSA

O jornalista Glenn Greenwald, editor-executivo e fundador do ‘The Intercept Brasil’, atuou na divulgação de informações sigilosas da Agência de Segurança Nacional (NSA) dos EUA. Greenwald é vencedor do prêmio mais importante do jornalismo mundial, o Prêmio Pulitzer também pelas reportagens sobre a NSA. Na época, Greenwald produzia matérias no The Guardian, um dos mais renomados jornais do planeta.

Com a crise no Brasil, Glenn ganha destaque na divulgação de informações que podem comprometer atuações da operação Lava Jato. Segundo o jornalista, as informações na qual ele teve acesso são muito maiores do que as divulgadas sobre a NSA.

A influência de Greenwald levou abalou a reputação de Sérgio Moro, tanto nos pilares jurídicos do Brasil quanto na divulgação em jornais de grande influência em todo o mundo, como o NYTimes, Bloomberg e BBC.